11 de set. de 2011

Alta do ouro faz prata voltar à moda

RIO - Poucos setores da economia são considerados mais supérfluos que o de joias. E poucos cresciam como ele, motivado pelo consumo da classe C e a busca da classe A por exclusividade. Mas a crise mundial alterou o preço de sua principal matéria prima: o ouro. Visto como porto seguro em tempos de turbulências, o metal já subiu 23% este ano. Com isso, o segmento aposta na criatividade de designers, com joias mais leves e abusando da prata.

Segundo Angela Andrade, diretora-executiva da Associação de Joalheiros e Relojoeiros do Estado do Rio de Janeiro, a participação da prata nas vendas do setor cresce e que a última vez em que o setor se concentrou tanto neste metal foi no início dos anos 80, quando o ouro chegou a US$ 800 a onça.

- Na época, o pessoal achava que era o fim do mundo. Imagine agora que a onça está perto dos US$ 1.800 e passando o preço da platina que é historicamente 20% a mais que o do ouro.

A Natan vende joias de R$ 100 a R$ 100 mil. Segundo Roberta Limmer, diretora comercial da rede, ao mesmo tempo em que muitos buscam diferencial, novos consumidores entram nas lojas. E, para driblar a alta do ouro, além de usar mesclas, a empresa intensificou a coleção em prata:

- Há cinco anos, 10% dos nossos produtos levavam prata. Hoje, esse percentual já é de 30%. Mas damos à prata um tratamento especial, de joia, muitas são mistura de joia, ouro e diamante - disse.
Madalena Silva, gerente da MC Joias, na Saara, no Centro do Rio, conta que a alta no preço do ouro tem levado os consumidores a metais como prata:

- Muitos consumidores estão trocando o ouro pela prata ou peças mais leves.
Lara Mader, da cooperativa de designers Joyá, conta que o consumidor tradicional de joia é antenado e chega comentando a cotação do ouro, o que facilita a venda:

- O que tentamos é reduzir um pouco o peso da peça. O grama do ouro está em R$ 83, no fim do ano passado estava em R$ 69 e, há pouco tempo, na faixa de R$ 50. Muitos dizem que em pouco tempo, o grama passará de R$ 100.
Mas o momento ainda é de bonança. O setor, que cresceu 15% em 2010, deve se expandir em 10% este ano. A H.Stern, por exemplo, não se assusta com a alta e se avança para cidades onde não tinha lojas, como Cuiabá, Campo Grande e Fortaleza. E começa a olhar melhor para a classe C, segundo Christian Hallot, autodenominado "embaixador" da marca:

- A classe C sempre comprou joia, um correntinha, um pingente, mas, em geral, o que a gente ouvia destes consumidores era: "Quando comprar uma aliança, será da H.Stern". Hoje, ele compra mais nas nossas lojas, mostramos que é possível ter produtos nossos a preços acessíveis.

Luciano Rodembusch, vice-presidente da Tiffany para a América Latina, acredita que o país vive um bom momento e se mostra otimista para a inauguração da terceira unidade no país, em Brasília, e a primeira fora de São Paulo.

- O crescimento econômico do Brasil e a maior distribuição de renda têm gerado mais oportunidades para os brasileiros celebrarem importantes momentos de suas vidas - disse.